opinião

O auxílio-moradia

O jornalista Daniel Scola, de Zero Hora, em entrevista recente com o juiz João Barcelos de Souza Jr., do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do RS, revelou que ele e mais quatro colegas do TJ-RS não recebem o benefício de auxílio-moradia. Foi um dos que se opuseram, em 2014, à criação dessa imoralidade, que "espraiou" pelo Brasil, atingindo, inclusive, a Suprema Corte.

Também o juiz Luis Roberto Barroso, do STJ, em recente liminar, suspendeu o pagamento de "auxílio-livro" e "auxílio-saúde" aos integrantes do Ministério Público de Minas Gerais, que havia sido criado em 2014 pela Assembleia Legislativa.

A Constituição estabelece que nenhum servidor público poderá ganhar além do teto estabelecido pelos subsídios dos juízes do STJ que, atualmente, estão no patamar de R$ 33,7 mil. Em outra notícia recente, revelou-se que 75% da judicatura nacional recebe acima do teto. Isso vale, também para os deputados federais e estaduais de alguns Estados. No Executivo também se verifica esta inconstitucionalidade. Diante de tanta falta de ética e de fraude à Constituição, ficamos estarrecidos e descrentes do patriotismo de nossos governantes. Não é possível que em tempos de tantas dificuldades, que assolam toda a nação, tenhamos governantes alheios a isso, só atentos às suas vantagens, indiferentes às dificuldades do povo, seus eleitores.

No viaduto Otávio Rocha, da Avenida Borges de Medeiros, na capital do Estado, existe toda uma população de sem-tetos, exposta aos transeuntes numa agressão visual à indiferença que tomou conta do país. O que pensarão eles do auxílio-moradia dos juízes? Serão eles alienígenas desprovidos de identidade, CPF e título eleitoral? São tempos de alienação e desumanidade. Todos têm parcelas de culpa. Primeiro pela nossa alienação e segundo pela contribuição que fazemos ao "status-quo" elegendo representantes incapazes de tomar as providências legais para corrigir tais abusos.

As regalias votadas em benefício de ex-governadores, as aposentadorias milionárias dos coronéis da Brigada, a própria existência da Justiça Militar e outros quejandos que andam pelo país, contribuem para nossa descrença no patriotismo dessas pessoas, incapazes de compreender a urgência dessas necessárias correções que clamam por si só e que poderão provocar soluções revolucionárias. Assim foi em 1923 e 1930. A falta de bom senso poderá levar-nos às tentativas de eleger "salvadores da pátria", tanto na extrema direita como na esquerda. A próxima campanha eleitoral poderá ser uma surpresa e o seu resultado modificar o panorama! Não será esse mais "um sonho de uma noite de verão"? 

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